CARIDADE E JUSTIÇA

No topo do calvário, erguia-se uma cruz
E pregada sobre ela, o corpo de Jesus

Noite sinistra e má...

Nuvens acinzentadas corriam pelo ar
Como grande manada de búfalos

A lua ensanguentada e fria
Como um soluço profundo de Maria
Lançava sobre a paz das coisas naturais
A merencória luz, cheia de brancos ais

As árvores que outrora abrigavam Jesus
Choravam na mudez hercúlea dos heróis

Deixaram de cantar todos os rouxinóis...

Um silêncio pesado, amortalhava o mundo
Jesus, cheio de amor e dor...morria...
Somente ao longe, o velho mar profundo
Decantava as palmas da agonia

Mas, passado um instante
A lua branca e pura, resplandecia...

Jesus , repleto de luz...sorria...

Judas, contemplando o Nazareno
Tão nobre, tão sereno
Convulso de terror, fugiu...

Nesse instante, surgiu-lhe o vulto de um gigante...
_É chegado, enfim, o teu castigo_!

O traidor, puxando do manto a bolsa de dinheiro, disse:
_Aqui tens, deixa-me partir..._
O gigante, fitando-o, bradou:
_Guarda o teu dinheiro!
O ouro pertence ao traidor
Como o brejo ao sapo
E o perfume à flor
E quero derretê-lo e lançá-lo
Gota a gota na tua consciência, púdrida e execrável..._

Jesus do ALTO de sua cruz, murmurou:
_Perdôo-te...!_

Judas, diante do gigante do remorso
Puxou de uma corda
E enforcou-se!


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